As palavras que seguem abaixo foram publicadas na coluna Cultura do Jornal de Hoje do dia 24/06/09.
Em época de recesso escolar dou-me ao luxo de fazer uma programação “maneiríssima” com minhas sobrinhas. Além do teatro no domingo, combinamos um cineminha hoje. O filme? Hannah Montana, obviamente. Com certeza eu não era a figura mais empolgada em assisti-lo (elas nem repararam nisso tamanha a alegria). Então, ao ler o jornal pela manhã me surpreendi com a revelação de que deixastes uma lágrima escorrer (ou quase) ao final do filme. Por isso me questionei: haverá meu Deus algo que me faça realmente chorar em história para pré-adolescentes e adolescentes tendo adolescentes como protagonistas?
Mais uma vez lhe digo que não sou insensível. Não mesmo! Choro com facilidade assim como sorrio com facilidade (nada haver com distúrbio bipolar, viu?). Se quiser mesmo saber, chorei com “O Campeão” e acho que ainda hoje choraria se visse mais uma, duas ou três vezes. Assim como chorei com tantos outros filmes tão ou mais emotivos do que esse como, por exemplo, “Só resta a esperança” e me emociono quase sempre com “Cold Case”. Mas, a verdade é que não chorei com Hannah Montana – O Filme. Sei lá, acho que Freud explica tanto a minha ausência de choro quanto o seu derramar (e não debulhar) de lágrimas...
Deixando Freud quietinho em seu santo lugar de descanso, quer saber o que me faz chorar de verdade? O que nos é ofertado em sentido cultural aqui no RN.
Ora, se havemos de aceitar essa política de “pão e circo” que seja pelo menos por atrações que valham à pena. Enquanto o governo do meu querido e amado (salve! Salve!), Rio de Janeiro cala a boca da população com figuras como Elton John, Dione Warwick, Rolling Stones (tudo bem que eu só iria ao show deles por pura curtição) aqui o que temos? Excesso de bandas de forró com nomes pra lá de sugestivos e uma qualidade musical (eu disse mesmo qualidade?) altamente questionável. Mas, enfim essa é a arena que o povo quer entrar.
Não sou miserável ou sovina. Mesmo que tivesse que pagar por exposições ou shows que particularmente me interessam haveria de fazê-lo como quando tive o imenso prazer de ver Monet no RJ ou assisti Luis Miguel. Enquanto isso o que ou quem vem para cá? Nada!Ninguém! Fazer o quê senão chorar? Porém meu choro é muito menos carregado de significado do que o seu e isso quem diz não sou eu, e sim meu querido José de Alencar que escreveu as palavras abaixo que lhe oferto dada sua emoção com Hannah Montana – O Filme.
“Quando um homem chora, minha prima, a dor adquire um quer que seja de suave, ma voluptuosidade inexprimível; sofre-se, mas sente-se quase uma consolação em sofrer. Vós , mulheres, que chorais a todo o momento, e cujas lágrimas são apenas um sinal de vossa fraqueza, não conheceis esse sublime requinte da alma que sente um alívio em deixar-se vencer pela dor; não compreendeis como é triste uma lágrima nos olhos de um homem”.


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