Meu artigo publicado no Jornal de Hoje
Com esta pequena frase uma criança expôs o embuste de dois falsos costureiros, a vaidade exacerbada de um rei e a conivência medíocre de centenas de súditos.
Quisera Deus que pudéssemos permanecer, enquanto adultos, com a mesma impetuosidade recheada de sinceridade em nossas expressões verbais. Nesse caso, o que era pra ser dito não seria escondido atrás de uma falsa idéia de convivência pacífica.
Talvez seja isso o que esteja faltando em nós educadores, a expressividade verbal simplória mais profunda da natureza infantil. Se permanecêssemos com esta, não nos envergonharíamos em expressar todo nosso pensar aos nossos “reis-gestores”.
A pouco, doze turmas da escola em que trabalho foram dispensadas mais cedo a fim de que os educadores pudessem reunir-se para uma reunião pedagógica. Após passada uma hora ocupada com uma dinâmica e lanche, todos foram dispensados sem ao menos encontrar o “P” do pedagógico que, deve ter se perdido no sacode do forró que “rolava” por lá. Quem não se perdeu mesmo foi o “A” afinal de contas aquela era a festa do amor recebendo essa honrosa nomenclatura de quem a idealizou. Todos comeram, beberam, se abraçaram e foram embora felizes e sorridentes. Baco teria adorado tal festa. Deve ter se revolvido em seu túmulo querendo estar presente a esta com a mesma intensidade que me fazia querer sair de lá. E talvez essa confraternização tivesse sido realmente boa se realizada em uma ocasião propícia. A educação no Rio Grande do Norte está às avessas e nossos reis-gestores dispensam cerca de 450 alunos em um dia contado como letivo para ofertar à sua classe docente uma festa do amor. Basta desta politicagem imunda!
Este artigo é uma maneira de expor a nudez de nossos reis-gestores, de expor a conivência de outros educadores que ao ver as partes pudentas dos mesmos expostas vergonhosamente, continuam como os súditos da história infantil “A Nova Roupa do Rei,” de Hans Christian Andersen, ou seja, enquanto o rei desfila nu estes exclamam: Oh, que bela a roupa do rei! pois não querem parecer diferentes dos demais à sua volta, ignorantes que não vêem o que de bom está sendo feitos à estes.
Já dizia Louis Paswels: “Quando a criança escuta história que se lhe conta, penetra nela simplesmente como história. Mas existe uma orelha atrás da orelha que conserva a significação do conto e o revela muito mais tarde”.
Para mim, a história “A nova roupa do rei” teve uma revelação, não divina, porém importante quanto a como devemos agir a fim de não deixar nua a educação norte-riograndense, pois como diria Nélson Rodrigues “Toda nudez será castigada”.


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