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O RETRATO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


        
           Sou da época em que ao tirar uma foto e revelá-la você recebia junto com a revelação o negativo da foto. Que na fala do leigo nada mais é do que a foto de maneira distorcida.

          A educação brasileira tem sido mostrada sob uma óptica negativa (entenda-se negativa nesse contexto em alusão ao que foi considerado no parágrafo anterior). A foto está lá como deveria ser, no entanto, se não revelá-la as distorções não permitem que ninguém seja identificado nela.

           Para falar da educação brasileira é preciso remeter a nossa mente a imagem daqueles que são seus principais representantes, a saber, professores e alunos que vivem um eterno combate de ideais e pensamentos.

          Professores reclamam do desinteresse de seu alunado, da desvalorização profissional e da falta de assistência em sua formação continuada. Os alunos por sua vez insistem em dizer que não são compreendidos por seus professores e que o autoritarismo de muitos desses é um grande empecilho para manterem boas relações.

          Quem é o vilão ou o mocinho nessa história? Ora! Não há vilões nem mocinhos. Há sim, sujeitos pertencentes a “tempos geracionais” diferentes - já diria Miguel Arroyo em seu texto A infância interroga a pedagogia. Sujeitos que precisam estender um ao outro um olhar e uma escuta diferenciada para que os nós que atam a educação em nosso país sejam desatados. E, quando se fala em ‘nós”, quero tão somente me referir as relações estabelecidas dentro do ambiente escolar cujo bom andamento ajuda a vencer as maiores barreiras que uma escola possa enfrentar, seja relacionada a sua estrutura física e aos parcos recursos advindos do governo (como é o caso de muitas escolas públicas) seja pela comercialização que virou a educação nas redes privadas de ensino.

          Embora a sociedade insista em ver a foto de nossa educação através de seu negativo (incluindo os próprios professores e alunos) é preciso entrar no quartinho escuro cercado de lâmpadas vermelhas para perceber que a foto não é e nem está distorcida. É preciso ver que os problemas embora sejam muitos não estão além de solução e que somente de “mãos dadas” como diria Drummond seremos capazes de expor as cores e a beleza dos que estão nesse retrato.

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