O QUE É UM GRUPO
Segundo Pichon-Rivière, pode-se falar em grupo quando um conjunto de pessoas movido por necessidades semelhantes se reúne em torno de uma tarefa específica.
No cumprimento do desenvolvimento das tarefas deixam de ser um amontoado de indivíduos para cada um assumir-se como participante de um grupo com um objetivo mútuo.
Isso significa, também, que cada participante exercitou sua fala, sua opinião, seu silêncio, defendendo seus pontos de vista. Portanto, descobrindo que, mesmo tendo um objetivo mútuo, cada participante é diferente. Tem sua identidade.
Nesse exercício de diferenciação – construindo sua identidade – cada indivíduo vai introjetando o outro dentro de si. Isso significa que cada pessoa, quando longe da presença do outro, pode “chamá-lo” em pensamento, a cada um deles e a todos em conjunto. Esse fato assinala o início da construção do grupo enquanto comportamento de indivíduos diferenciados.
Cada participante constrói na parceria com o outro, seu jeito de viver no grupo.
São cinco os papéis, segunda minha leitura da obra de Pichon-Rivière, que se constituem em qualquer grupo, seja de crianças, adolescentes ou adultos: Líder de mudança, Líder de resistência, Bode expiatório, Representante do silêncio, Porta-voz.
O Líder da mudança é aquele que se encarrega de levar adiante as tarefas, enfrentando conflitos, buscando soluções, arriscando-se sempre diante do novo. O contrário dele é o líder da resistência. Este, sempre puxa o grupo para trás, freia avanço; depois de uma intensa discussão ele coloca uma pergunta que remete o grupo ao início do que foi discutido.
Contudo, o líder de mudança e o líder de resistência não podem existir um sem o outro. Os dois são necessários para o equilíbrio do grupo, segundo a visão de uma relação democrática, pois na relação autoritária e na espontaneísta os encaminhamentos poderão ser outros. Para cada maior acelerada do líder de mudança, maior freio, do líder de resistência. Isso porque, muitas vezes o líder de mudança radicaliza suas percepções, encaminhamentos na direção dos ideais do grupo, descuidando do princípio da realidade. Nesse momento o líder da resistência traz para o grupo uma excessiva crítica (princípio de realidade exacerbado), provocando uma des-idealização (desilusionamento), produzindo assim um contrapeso às propostas do outro.
O bode expiatório é quem assume as culpas do grupo. Serve de depositário desses conteúdos. Livrando o grupo do que lhe provoca mal-estar, medo, ansiedade etc.
Os silenciosos são aqueles que assumem as dificuldades dos demais para estabelecer comunicação, fazendo com que o resto do grupo se sinta obrigado a falar. Num grupo falante, se “queima” quem menos pode sobreviver ao silêncio. Aqueles que calam, representam essa parte nossa que desejaria calar, mas não pode.
O porta-voz é quem se responsabiliza por ser a “chaminé” por onde emergem as ansiedades do grupo. Através da sensibilidade apurada do porta-voz, ele consegue expressar, verbalizar, dar forma aos sentimentos, conflitos que, muitas vezes, estão latentes no discurso do grupo.
Grupo é essa trama, na qual jogamos com papéis precisos, às vezes, estereotipados, outras, inabaláveis. Grupo não é, pois, um amontoado de indivíduos, é mais complexo do que isso.
Grupo é o resultado da dialética entre a história do grupo (movimento horizontal) e a história dos indivíduos com seus mundos internos, suas projeções e transferências (movimento vertical), no suceder da história da sociedade em que estão inseridos.
Grupo é:
A cada encontro: imprevisível
A cada interrupção da rotina: algo inusitado.
A cada elemento novo: surpresas.
A cada elemento já parecidamente conhecido: aspectos desconhecidos.
A cada encontro: um novo desafio, mesmo que supostamente já vivido.
A cada tempo: novo parto novo, compromisso fazendo história.
A cada conflito: rompimento do estabelecido para a construção da mudança.
A cada emoção: faceta insuspeitável.
A cada encontro: descobrimento de terras ainda não desbravadas.
(FREIRE, Madalena. O que é um grupo. In: Educador. Paz e Terra, 2008)
Segundo Pichon-Rivière, pode-se falar em grupo quando um conjunto de pessoas movido por necessidades semelhantes se reúne em torno de uma tarefa específica.
No cumprimento do desenvolvimento das tarefas deixam de ser um amontoado de indivíduos para cada um assumir-se como participante de um grupo com um objetivo mútuo.
Isso significa, também, que cada participante exercitou sua fala, sua opinião, seu silêncio, defendendo seus pontos de vista. Portanto, descobrindo que, mesmo tendo um objetivo mútuo, cada participante é diferente. Tem sua identidade.
Nesse exercício de diferenciação – construindo sua identidade – cada indivíduo vai introjetando o outro dentro de si. Isso significa que cada pessoa, quando longe da presença do outro, pode “chamá-lo” em pensamento, a cada um deles e a todos em conjunto. Esse fato assinala o início da construção do grupo enquanto comportamento de indivíduos diferenciados.
Cada participante constrói na parceria com o outro, seu jeito de viver no grupo.
São cinco os papéis, segunda minha leitura da obra de Pichon-Rivière, que se constituem em qualquer grupo, seja de crianças, adolescentes ou adultos: Líder de mudança, Líder de resistência, Bode expiatório, Representante do silêncio, Porta-voz.
O Líder da mudança é aquele que se encarrega de levar adiante as tarefas, enfrentando conflitos, buscando soluções, arriscando-se sempre diante do novo. O contrário dele é o líder da resistência. Este, sempre puxa o grupo para trás, freia avanço; depois de uma intensa discussão ele coloca uma pergunta que remete o grupo ao início do que foi discutido.
Contudo, o líder de mudança e o líder de resistência não podem existir um sem o outro. Os dois são necessários para o equilíbrio do grupo, segundo a visão de uma relação democrática, pois na relação autoritária e na espontaneísta os encaminhamentos poderão ser outros. Para cada maior acelerada do líder de mudança, maior freio, do líder de resistência. Isso porque, muitas vezes o líder de mudança radicaliza suas percepções, encaminhamentos na direção dos ideais do grupo, descuidando do princípio da realidade. Nesse momento o líder da resistência traz para o grupo uma excessiva crítica (princípio de realidade exacerbado), provocando uma des-idealização (desilusionamento), produzindo assim um contrapeso às propostas do outro.
O bode expiatório é quem assume as culpas do grupo. Serve de depositário desses conteúdos. Livrando o grupo do que lhe provoca mal-estar, medo, ansiedade etc.
Os silenciosos são aqueles que assumem as dificuldades dos demais para estabelecer comunicação, fazendo com que o resto do grupo se sinta obrigado a falar. Num grupo falante, se “queima” quem menos pode sobreviver ao silêncio. Aqueles que calam, representam essa parte nossa que desejaria calar, mas não pode.
O porta-voz é quem se responsabiliza por ser a “chaminé” por onde emergem as ansiedades do grupo. Através da sensibilidade apurada do porta-voz, ele consegue expressar, verbalizar, dar forma aos sentimentos, conflitos que, muitas vezes, estão latentes no discurso do grupo.
Grupo é essa trama, na qual jogamos com papéis precisos, às vezes, estereotipados, outras, inabaláveis. Grupo não é, pois, um amontoado de indivíduos, é mais complexo do que isso.
Grupo é o resultado da dialética entre a história do grupo (movimento horizontal) e a história dos indivíduos com seus mundos internos, suas projeções e transferências (movimento vertical), no suceder da história da sociedade em que estão inseridos.
Grupo é:
A cada encontro: imprevisível
A cada interrupção da rotina: algo inusitado.
A cada elemento novo: surpresas.
A cada elemento já parecidamente conhecido: aspectos desconhecidos.
A cada encontro: um novo desafio, mesmo que supostamente já vivido.
A cada tempo: novo parto novo, compromisso fazendo história.
A cada conflito: rompimento do estabelecido para a construção da mudança.
A cada emoção: faceta insuspeitável.
A cada encontro: descobrimento de terras ainda não desbravadas.
(FREIRE, Madalena. O que é um grupo. In: Educador. Paz e Terra, 2008)


0 comentários:
Postar um comentário